sábado, 7 de dezembro de 2013

terça-feira, 27 de agosto de 2013

WWOOF

Que tal se hospedar gratuitamente por todo o mundo, ter três refeições diárias em troca de trabalhar meio período em contato com a natureza. A rede de propriedades orgânicas proporciona isso.

A  World Wide Opportunities on Organic Farms  (WWOOF) (Rede mundial de oportunidades em Fazendas Orgânicas) começou na Inglaterra nos anos 70, organizando visitas de gente urbana com interesse de trabalhar como voluntarios em propriedades orgânicas. Em troca do  trabalho, as propriedades oferecem hospedagem e alimentos aos visitantes durante sua estadia. Hoje, WWOOF e uma organização mundial, com mais de 50 países envolvidos e milhares de viajantes e propriedades afiliadas.

A fundadora  dessa rede que existe desde muito antes da internet (desde a década de 70) Susan Coppard conta um pouco dessa experiência na revista Vida Simples.
Além de conhecer de perto toda a produção dos alimentos orgânicos, o turista percorre o mundo se hospedando de forma sustentável, para ele e para o dono da fazenda. Mas, muito mais do que viajar, a rede proporciona aos aventureiros um turismo diferenciado, com o voluntário participando ativamente da rotina do local.

Não só os turistas saem ganhando com a rede WWOOF. Para Adrian Saegesser, proprietário de uma pousada, a troca de experiência é mútua e, devido ao longo tempo da estadia – geralmente de um a dois meses –, precisa ser rentável para todos. Pensando na sustentabilidade da chácara de de três alqueires, com predomínio de mata nativa, Saegesser optou pela diversidade na fonte de renda.
Além de receber turistas, a pousada tem produção própria de geleias orgânicas e oferece reservas para servir o almoço rural vegetariano. A fazenda já recebeu turistas norte-americanos, australianos, ingleses, alemães, franceses, espanhóis, holandeses, belgas, canadenses, chilenos, bolivianos e hondurenhos. “O mundo vem para cá, portanto, eu não preciso ir para o mundo”, relata Saegesser, que já morou 18 anos na Europa.
Assim sendo, cada vez mais viajantes buscam – e encontram – no turismo orgânico a essência de uma vida regada a novas culturas e experiências.
Para você achar uma fazenda que te receba você tem que se inscrever como membro pagando $38 a anuidade. Ai você escolhe a fazenda, entra em contato com os proprietários e combina tudo com eles.
O casal do blog Casa na Viagem está viajando por várias fazendas brasileiras que pertence ao WWOOF e mostrando um pouco de cada uma, pelo relato deles, não consegui entender se necessariamente eles estão fazendo trabalho voluntário em cada uma delas, mas dá pra ter uma ideia de como são as fazendas e as belezas de cada uma delas.
Este não é o estilo de viagem para quem quer apenas viajar com pouca grana, é para pessoas que tem a paixão por conhecer exemplos de viver sustentável.
Matéria na Revista Comunità Italiana assinada pela Jornalista Aline Buaes
Leia na integra 

Com as mãos na terra - Brasileiros no Wwoof Itália

Os dez melhores lugares para wwofar na Europa, de acordo com o renomado jornal The Guardian http://www.guardiannews.com
1. Monte da Cunca, Algarve, Portugal
Monte da Cunca WWOOFing farm, Algarve, Portugal
Se você quiser combinar seu WWOOF com um ponto de Atlantic surf e caiaque em uma cabeça de água doce da lagoa, ao Monte da Cunca no Algarve sul-ocidental. "Eles chamam isso de paraíso WWOOFer aqui", diz o proprietário Klaus Witzmann, um engenheiro austríaco, que já recebeu voluntários para os últimos seis anos. WWOOFers trabalhar na horta orgânica, construir biodegradáveis ​​palha fardos de casas, decorar apartamentos turísticos e cuidar das cabras burro e cavalo. A acomodação é em caravanas, motorhomes, barracas ou yurts e não há TV ou internet. Bordeira praia é uma caminhada de 15 minutos das dunas de areia, pranchas de surf e bicicletas são livres para tomar emprestado.
2. Wine and olives in Tuscany, Italy
Trabalhar nesta fazenda familiar próximo Riparbella é limitada a um civilizados quatro horas por dia. A terra foi convertida para orgânica em 1981 e tem recebido WWOOFers desde 1997. Você pode esperar para cuidar das vinhas e olivais, bem como desmatamento e corte de grama. As refeições são principalmente vegetarianos e parcialmente orgânica e há espaço para dois voluntários. Alojamento WWOOFer está em uma casa separada com duche e WC, e é descrito como "rústico". A estadia mínima é de uma semana e falantes de inglês são os preferidos.
3. Goats and cheese in Cumbria, UK
Complementar suas recém-descobertas habilidades de vinificação por aprender sobre produção de caprinos e de queijos na chácara Moinho Sprint perto de Kendal. Anfitrião Edward Ackland acolheu 100 WWOOFers desde 2000, e as atividades giram em torno da floresta de manutenção, técnicas de madeira verde e um jardim de frutas e vegetais. Você também pode aprender sobre serralheria básica e ir nadar rio em seu tempo livre - esperar para trabalhar em torno de cinco horas por dia. Primeiro tempo WWOOFers são bem-vindos "É uma exploração não comercial", Ackland explica, "é sobre um estilo de vida de qualidade."
4. Beekeeping in Piedmont, Italy
Se você quiser descobrir os segredos da apicultura, a APICOLTURA Leida Barbara produz mel orgânico, abelhas rainhas e pólen, bem como cultivar uma pequena horta. WWOOFers ficar em um quarto privado com casa de banho. O alimento é orgânico e, principalmente, os vegetarianos podem ser feitas. De abril a agosto, os voluntários são baseados nas montanhas, mas gastar outono e inverno de volta na fazenda. Inglês é falado e a estadia mínima é de uma semana.
5. Growing vegetables in the Arctic, Sweden
Aurora WWOOFing farm, Sweden
Aurora WWOOFing farm, Sweden
A pousada neste retiro remoto era uma vez o vicariato aldeia e, geralmente, recebe hóspedes pagantes para esportes de baixo impacto férias de inverno. Mas os donos de Mikael e Maya tem novas ambições de crescer mais de alimentos do retiro e agora estão abrindo suas portas para WWOOFers períodos de maio a setembro. "Nós não pedimos para que as pessoas vêm, mas as pessoas pediram para vir aqui", diz Mikael, que espera estabelecer um vegetal e norte jardim de ervas 100 quilômetros do Círculo Polar Ártico. Gaste o seu tempo livre explorando as florestas que rodeiam cristalinas, rios e pântanos. O retiro tem um ethos de sustentabilidade forte - o que é tão bem como não há coleta de lixo.
 WWOOF Sweden Mais informações: auroraretreat.se
6. Sedlescombe organic wines, East Sussex, UK
Mais antiga da Grã-Bretanha vinha orgânica agora se estende por 23 hectares, em East Sussex, mas começou com apenas 2.000 plantas em 1979. Um dos quatro vinhedos orgânicos no país, que tem sido desenvolvido por Roy Cooke e sua família, que produzem cerca de 15 mil garrafas de vinho orgânico cada ano e se hospedado WWOOFers para 25 anos. Voluntários são geralmente independentes, com utilização de TV, internet e às vezes um carro. A estadia mínima é de uma semana e acomodação é em caravanas com uma refeição comunal com os anfitriões Roy e Irma, uma vez por semana. O período mais movimentado é de Páscoa para novembro.
7. Beauchamp, Dordogne, France
Beauchamp, WWOOFing farm, Dordogne, France
Beauchamp, WWOOFing farm, Dordogne, France
Uma extensão de 20 hectares de bosques, jardins e pomar, na fronteira da Dordogne e Gironde, Beauchamp foi criado há 15 anos como uma comunidade sem fins lucrativos. Seus objetivos são a auto-suficiência, sustentabilidade e promoção da permacultura (agricultura e horticultura que imitam interdependências natureza e diminuir a necessidade de intervenção humana). Energia elétrica, telefone e internet disponível, mas nenhuma TV. Os voluntários ajudam com a jardinagem, a colheita, a construção e preservação de produtos para o inverno.
 WWOOF France More information: beauchamp24.com
8. Eco-Frontiers ranch, Carpathian Mountains, Poland
Eco-Frontiers WWOOFing ranch, Carpathian Mountains, Poland
Eco-Frontiers WWOOFing ranch, Carpathian Mountains, Poland
Dentro de distância sniffing da fronteira da Ucrânia, no sudeste da Polônia, esta fazenda sustentável é totalmente fora da grade (alimentado com seu próprio poder solar e eólica) e protege muitas espécies raras, incluindo diversas variedades de orquídeas. Construída há mais de dois anos de sangue, suor e esquis em terra abandonada pós-comunista agrícola, a fazenda é a criação dos exércitos Andrzej e Agnieszka. Cerca de 10 WWOOFers uma ajuda anos com jardinagem e trabalho a fazer com os cavalos. Em troca, eles começa a ficar em quartos normalmente reservados para pagar os hóspedes. A estadia mínima é de uma semana.
 WWOOF Independents More information: ecofrontiers.net
9. Carraig Dúlra organic farm & living skills bank, Co Wicklow, Ireland
Bushcraft at Carraig Dúlra WWOOFing farm, Co. Wicklow, Ireland
Bushcraft at Carraig Dúlra WWOOFing farm, Co. Wicklow, Ireland
Carraig Dúlra é mais do que uma pequena propriedade familiar: abriga cursos que vão desde a construção sustentável para bushcraft e apicultura. Depois de uma temporada de seis meses de voluntariado na França, Itália e Croácia - com quatro filhos menores de 10 anos no reboque - anfitriões Suzie e Mike partiu para estabelecer um WWOOFer de volta para casa da comunidade e congratularam-se com voluntários para os últimos três anos. Campos de todo mundo (incluindo os anfitriões) e WWOOFers ajudar com jardinagem permacultura, trabalhos de construção, apicultura, sistemas de água, cursos e eventos. Não há eletricidade. Estadias de 10-14 dias são preferíveis.
 WWOOF Ireland More information: dulra.org
10. Nadomak Sunca, Istria, Croatia
Nadomak Sunca WWOOFing NGO, Istria, Croatia
Nadomak Sunca WWOOFing NGO, Istria, Croatia
Uma oportunidade incomum de WWOOF para uma ONG de crianças. Nadomak Sunca foi criado em 1993, durante a guerra na ex-Jugoslávia, para fornecer a longo prazo famílias de acolhimento para crianças que ficaram órfãs ou deslocadas. Seu trabalho continua com jovens desfavorecidos. WWOOFers trabalhar na horta orgânica, o que alimenta as famílias de acolhimento, e ajudar com atividades para crianças terapêuticas, tais como equitação e jardinagem. A estadia mínima é de três meses e há algumas restrições de visto.


Mais informações: nadomaksunca.org

Wwoofar ao redor do mundo:
Brasil
Relação de fazendas no Brasil:
EUROPA & ORIENTE MÉDIO
WWOOF Austria
Web: www.wwoof.at.tf
WWOOF Bulgaria
Web: www.wwoofbulgaria.org
WWOOF Republica Tcheca
Web: www.wwoof.cz
WWOOF Dinamarca
Web: www.wwoof.dk
WWOOF Estonia
Web: www.wwoof.ee
WWOOF França
Web: www.wwoof.fr
WWOOF Alemanha
Web: www.wwoof.de
WWOOF Irlanda
Web: www.wwoof.ie
Lists hosts in both Northern and Southern Ireland
WWOOF Israel
Web: www.wwoof.org.il
WWOOF Itália
Web: www.wwoof.it
WWOOF Portugal
Web: www.wwoofportugal.org
WWOOF Romania
Web: www.wwoof.ro
WWOOF Eslovenia
Web: www.wwoof.org/slovenia/
WWOOF Espanha
Web: www.wwoof.es
WWOOF Suécia
Web: www.wwoof.se
WWOOF Suíça
Web: http://zapfig.com/wwoof/
WWOOF Turquia
Web: www.bugday.org/tatuta/?lang=EN
WWOOF Reino Unido 
Web: www.wwoof.org.uk
AMÉRICAS
WWOOF Belize
WWOOF Canada
WWOOF Costa Rica
WWOOF Mexico
Web: www.wwoofmexico.com
WWOOF Chile
WWOOF Brasil
WWOOF Ecuador
ÁFRICA
WWOOF Camerões
Email: wwoofcam.org@live.fr
WWOOF Ghana
Email: kingzeeh@yahoo.co.uk
WWOOF Sierra Leone
Web: www.wwoofsl.org
WWOOF Uganda
Email: bob_kasule@yahoo.com

 

PACÍFICO & ÁSIA
WWOOF Australia
Web: www.wwoof.com.au
WWOOF China
Web: www.wwoofchina.org
WWOOF India
Web: www.wwoofindia.org
WWOOF Japão
Web: www.wwoofjapan.com
WWOOF Kazakhstan
Web: http://kazakhstanwwoof.narod.ru
WWOOF Coréia
Web: www.wwoofkorea.co.kr/
WWOOF Nepal
Web: www.wwoofnepal.org
WWOOF Nova Zelândia
Web: www.wwoof.co.nz
WWOOF Filipinas
Web: www.wwoof.ph
WWOOF Taiwan
Web: www.wwooftaiwan.com


Fonte: wwoof.org

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Couve, o bife vegetal

A couve está sendo chamada de bife vegetal pelo seu poder, mesmo grandioso, de nutrição. Comparada com outras verduras, está num patamar muito superior quando o tema são proteínas. Em tempos de revolução “verde”, onde ambientalistas defendem a redução da criação de animais (já que este seguimento da agro-indústria é tido como um dos maiores contribuintes para o aquecimento global), onde é cada vez maior o número de vegetarianos, e também dos defensores de uma alimentação mais saudável, há alimentos que estão recebendo o título de “future food”, ou a comida do futuro. Causa disso, as investigações científicas vêm centrando-se em descobrir quais são os vegetais que podem suprir a alimentação do ser humano de uma maneira mais completa, principalmente em proteínas. Como resultado, a couve já é chamada de bife verde. Além de ser totalmente capaz de suprir o organismo com as proteínas necessárias, contém um arsenal de nutrientes, que são fundamentais para a manutenção da saúde.
Nutrição completa

Inflamações como artrite, doença cardíaca, entre outras condições auto-imunes, estão associadas ao consumo de produtos animais. A couve, assim, é uma excelente alternativa, não só para substituir o consumo de carne (para os vegetarianos), como para que o organismo não sofra deficiência de proteínas (para aqueles que querem descansar o corpo do bife diário). Sendo um dos principais alimentos anti-inflamatórios no reino vegetal, é potencialmente indicada para prevenir, e até mesmo reverter essas doenças.
Por cada caloria, uma folha de couve possui mais ferro que um bife, e mais cálcio que o leite. Contêm grande riqueza em fibra, que é um macronutriente (leia-se que é uma necessidade diária do corpo humano). Quantidade insuficiente de fibras é uma das principais causas de desordens no aparato digestivo. Alimentos ricos em proteína animal, como a carne, possuem pouca, ou quase nenhuma fibra. Já uma porção média de couve garante 5% da ingestão diária recomendada.

Se um pedaço de carne, normalmente, o que fornece são gorduras saturadas, a couve é rica em Ácidos Graxos Ômega 3, onde a porção média contém 121 miligramas de Ômega 3 e também Ômega 6. É rica em carotenóides e flavonóides, que são antioxidantes.
Os defensores do desenvolvimento sustentável do planeta, e os adeptos da comida saudável e orgânica, apontam outro motivo para que a couve substitua a carne: Couve cresce com facilidade em quase todos os tipos de clima, o cultivo é relativamente simples, seja numa fazenda, seja em casa. Por outro lado, para que se produza 1 quilo de carne bovina são necessários 16 quilos de grãos, 11 vezes mais a utilização de combustível fóssil, e cerca de 2.400 litros de água. Se apesar desta enorme diferença no custo de produção, e de todos os benefícios nutricionais, seu cérebro está achando difícil construir a imagem mental de um churrasco de couve, calma. Enquanto a realidade do planeta permitir que as “futurefood” não sejam obrigação, basta apenas incrementar o consumo deste vegetal, pelo menos para primar pela saúde.

Fonte: http://www.outramedicina.com

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Inimiga nº1 dos transgênicos, física indiana denuncia ditadura da indústria alimentícia




Considerada a inimiga número um da indústria de transgênicos, a física e ativista indiana Vandana Shiva afirma que há uma ditadura do alimento, onde poucas e grandes corporações controlam toda a cadeia produtiva. E dá nome aos bois: Nestlé, Cargil, Monsanto, Pepsico e Walmart.

"Essas empresas querem se apropriar da alimentação humana e da evolução das sementes, que são um patrimônio da humanidade e resultado de milhões de anos de evolução das espécies", diz.

Crítica feroz à biopirataria, Shiva ressalta que a única maneira de combater o controle sobre a alimentação é o ativismo individual na hora de consumir produtos mais saudáveis e de melhor qualidade.
Leia os principais trechos da exclusiva à Folha durante o 3º Encontro Internacional de Agroecologia, em Botucatu.


É possível alimentar o planeta sem usar transgênicos?

O único modo de alimentar o mundo é livrando-se das sementes transgênicas. Essas sementes não produzem alimentos, mas produtos industrializados. Como isso poderia ser a solução para fome? Só estão criando mais controle sobre as sementes. Desde 1995, quando as corporações obtiveram o direito de controlar as sementes, 284 mil fazendeiros cometeram suicídio na Índia. Nós perdemos 15 milhões de agricultores por causa de um design de produção agrária criado para acabar com a agricultura familiar.

Como mudar a alimentação do modelo agroindustrial para outro baseado na produção familiar e na distribuição local?


As pequenas fazendas produzem 80% dos alimentos comidos no mundo. As indústrias produzem commodities. Apenas 10% dos grãos de milho e soja são comidos por pessoas; o resto é 'comido' pelos carros, como biocombustíveis, e por animais. É possível elevar esses 80% para 100% protegendo a biodiversidade, a terra, os fazendeiros e a saúde pública. É apenas por meio da agroecologia que a produtividade agrícola pode aumentar.

Como as grandes corporações dominam a cadeia mundial de alimentos?


Se você olha para as quatro faces que determinam nossa comida, são todas controladas por grandes corporações. As sementes são controladas pela Monsanto por meio dos transgênicos; o comércio internacional é controlado por cinco empresas gigantes; o processamento é controlado por outras cinco, como a Nestlé e a PepsiCo; e o varejo está nas mãos de gigantes como o Walmart, que gosta de tirar o varejo dos pequenos comércios comunitários e com conexões muito diretas entre os produtores de comida e os consumidores. São correntes longas e invisíveis, onde 50% dos alimentos são perdidos.
Temos sim uma ditadura do alimento. A razão que eu viajei todo esse caminho até o Brasil é porque eu sou totalmente a favor da liberdade alimentícia, porque uma ditadura do alimento não é só uma ditadura. É o fim da vida.

Como as corporações chegaram a esse domínio?


Infelizmente, o chamado livre comércio trouxe a liberdade para as corporações, mas não para as pessoas. As corporações estão escrevendo as regras e se tornando os governantes.
Os direitos intelectuais acordados entre as organizações mundiais foram escritos pela Monsanto. Para eles, o problema era que os fazendeiros estavam guardando as sementes. E a solução que ofereceram foi dizer que guardar as sementes agora é um crime de propriedade intelectual. É isso o que dizem as regras da OMC. A Índia, o Brasil, a América Latina e a África deveriam dizer: 'Você não pode patentear a vida porque a vida não foi inventada. Pare com a biopirataria'.
Até agora, a revisão dessas regras não foi permitida, o que mostra que essas corporações ditam as regras. E não é apenas na OMC. A Monsanto escreveu o ato de proteção para o orçamento nos EUA. O vice-presidente da Cargill foi designado para escrever a lei de comércio e agricultura dos EUA.


A única maneira de reverter essa situação é cada pessoa fazer seu papel de recuperar a liberdade e a democracia do alimento. Afinal, cada um de nós come duas ou três vezes ao dia. E o que nós comemos decide quem somos, se nosso cérebro está funcionando corretamente, ou nosso metabolismo está saudável ou, se por conta de micronutrientes, estamos nos tornando obesos. Isso afeta todo mundo: os mais pobres porque lhes foi negado o direito à comida; mas até os que podem comer porque não estão comendo comida. Chamo isso de anticomida, porque a comida deveria nos nutrir. A comida mortal que as corporações estão trazendo para nós destrói a capacidade da comida de nos nutrir e no lugar disso está nos causando doenças.

É possível modificar esse cenário?


Cada um de nós deve se tornar um forte ativista da liberdade da comida e das sementes no nosso dia a dia. O que significa que temos que apoiar mais os fazendeiros e a agroecologia. Devemos ser comprometidos com a alimentação saudável.

Qual a importância do Brasil nesse jogo?


O Brasil tem um papel muito importante. De um lado, está uma agricultura altamente destrutiva e irresponsável, mantida pelas corporações, levando transgênicos, produtos químicos e piorando a fome. Do outro lado, está o modelo agroecológico, caracterizado pela diversidade, conhecimento popular, o melhor da ciência, e levando efetivamente comida às pessoas. Essa disputa está ocorrendo justamente aqui, no Brasil.
Provavelmente, o Brasil tem a maior proporção de diversidade de alimentos em sua agricultura. No entanto, a maior parte não é usada para a alimentação humana. Por exemplo, as plantações de cana-de-açúcar e soja vão para a alimentação de animais e para fabricação de combustíveis.
O Brasil é parte do que eles chamam de Brics. Eu não gosto de 'tijolos'. Eu prefiro plantas. Mas é um forte jogador na cena global, e os jogadores vão decidir como os outros jogam.

Qual o papel da sociedade urbana em relação à agricultura familiar?


É muito feliz. Não porque eu acredito que as áreas urbanas têm mais riqueza e mais poder, mas porque, por terem mais riqueza, têm mais responsabilidade. E porque eles controlam a tomada de decisões, tanto em termos de governamentais como a sua própria atitude em termos de consumo. Se eles mudassem sua postura de consumo para longe das corporações, comprando, sim, alimentos dos pequenos produtores, eles ajudariam não apenas o agricultor familiar, mas também ajudariam a Terra e seus próprios corpos.

Recentemente o presidente da Nestlé afirmou que é necessário privatizar o fornecimento da água. Quais as consequências desse processo?


Tudo que é essencial à vida desde o começo da história, em todas as culturas, tem sido reconhecido como pertencente à sociedade. E isso inclui a semente, porque a semente é a base da comida, inclui a água porque água é vida. E são esses recursos que essas corporações gigantes querem enclausurar. Essas são as novas inclusões comerciais. Assim como na Inglaterra, eles enclausuraram a terra, e a tiraram dos camponeses para terem a revolução industrial.

Hoje, as corporações gigantes estão assumindo os bens comuns que são as sementes, a biodiversidade, a água. Quando a Nestlé diz que é necessário privatizar a água, eles estão, obviamente, pensando na necessidade de aumentar os lucros deles. Eles não estão pensando na necessidade dos aquíferos de serem sustentados e recarregados, porque corporações somente podem construir uma economia extrativa. Se eles privatizam a água, eles vão somente tirar a água para eles, o que significa que as comunidades locais são deixadas sem água. Então é um assalto.

As Nações Unidas têm de reconhecer que o direito à água é um direito humano. A Coca-Cola agora quer entrar no meu vale, um vale lindo no Himalaia, chamado Dune Valey. Em maio nós iniciamos uma campanha porque a privatização da água por essas empresas de engarrafamento significa, primeiro, que o direito universal à água é destruído. O aquífero, que pertence a todos, está agora engarrafado numa garrafa de 10 rupis que pode é acessível só aos ricos. Os pobres bebem apenas água contaminada.

A segunda coisa é que ela destrói água, e eu não sei por quanto tempo essa mineração poderá aguentar. A terceira é que ela polui. Sobram poucas fontes de águas puras, e, se eles realmente se importassem, deveriam limpar o pouco que sobra, ao invés de roubar o que resta limpo. Isto é roubo de água e, portanto, um crime contra a humanidade.
Essa dependência da Coca-Cola é um dos vícios da vida moderna. Nós temos muito mais bebidas saudáveis.
Na Índia, começamos uma campanha para as avós ensinassem aos seus netos as bebidas geladas que elas costumavam fazer. Somos um país tropical, sabemos como transformar qualquer fruta em uma bebida saborosa: um suco de manga crua, que é ótimo para prevenir insolação, uma mistura maravilhosa de sete grãos, que é como uma refeição completa e, se tomada no café da manhã, você não precisa de mais nada. As bebidas venenosas que são vendidas pela Nestlé e pela Coca-Cola roubam o nosso dinheiro, a nossa água e a nossa cultura.

Qual é a forma alternativa à globalização?


Originalmente, o livre comércio deveria reconhecer a liberdade de todas as espécies e por isso não destruiria nenhuma espécie nem ecossistema. Originalmente, o livre comércio reconheceria os direitos dos camponeses e dos povos indígenas e, por isso, não iria cortar as raízes. Reconheceria também os direitos dos pequenos agricultores familiares e iria cuidar para que existam preços justos, ao invés de tentar debilitar o preço por meio de dumping e jogando fora os produtos.
Um verdadeiro livre comércio seria a liberdade para as pessoas e não a liberdade para as corporações. O que nós temos agora é uma corporatização global com uma negligência total, uma destruição negligente e desatenta. O que precisamos é uma consciência livre que esteja profundamente ciente de nossa interconexão com outras espécies, outras culturas e com toda a humanidade. Temos que ser conscientes do dano que fazemos aos outros. Dessa forma, não vamos incrementar o tamanho de nossa pisada ecológica, mas vamos a reduzi-la.
E, na alimentação, a única forma em que você pode reduzir sua pisada é de mudar de agroindústria para agroecologia, mudar da distribuição global para distribuição local, mudar de um sistema violento, que depende do governo corporativo, para um sistema pacífico, que depende da comunidade e da solidariedade. No momento em que mudamos para isso, a pisada se reduz. Podemos ir do industrial e global para ecológico e local.

Como acelerar o processo de alinhamento entre os vários movimentos para um estilo de vida mais sustentável?


Agroecologistas, camponeses e agricultores familiares são, na minha opinião, os maiores, protetores do planeta. É o momento de os movimentos ecológicos perceberem que os verdadeiros ambientalistas são os agricultores, que realmente reconstroem o solo, que fazem o cultivo de uma forma que os besouros não sejam mortos, que protegem a água.
E o movimento pela saúde tem que perceber que os agricultores são os médicos, que fazer crescer comida saudável é a melhor contribuição que podemos fazer. No momento em que fazemos essas conexões, existe uma nova vida, porque a vida cresce por meio de inter-relações.

Fonte: Site Folha

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Raízes de árvores pra cultivar pontes naturais

É um belíssimo exemplo de arquitetura sustentável e de como o homem pode conviver em paz com a natureza, mesmo quando ela mostra sua força. Meghalaya, na Índia, é um lugar frequentemente assolado por chuvas torrenciais, que chegam aos 15 metros por ano. Por isso os habitantes decidiram que em vez de construir pontes, iriam cultivá-las.
São pontes vivas e que se fortalecem ao longo dos anos. O processo é feito recorrendo às raízes da Ficus Elastica, uma espécie de figueira, que os habitantes fazem crescer entre as margens dos rios. Como elas estão vivas, vão ficando maiores, cada vez mais fortes e seguras, chegando a suportar mais de 50 pessoas. A região é uma das mais úmidas do mundo e é conhecida pelos seus rios e córregos de fluxo rápido, que com as fortes chuvas, são capazes de destruir uma ponte convencional.
O processo de criação dessas verdadeiras obras de arte naturais é passado de geração em geração, como você pode verno vídeo abaixo. Uma ponte pode demorar entre 10 a 15 anos a ficar totalmente funcional. Depois disso, algumas duram mais de 500 anos.



















terça-feira, 25 de junho de 2013




Governo do homem pelo homem é servidão.

Quem puser a mão sobre mim para governar, é usurpador e um tirano.

Declaro-o meu inimigo.

Ser governado é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, parqueado, doutrinado, predicado, controlado, calculado, apreciado, censurado, comandado, por seres que não têm nem título, nem ciência, nem a virtude. ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, notado, registrado, recenseado, tarifado, selado, medido, cotado, avaliado, patenteado, licenciado, autorizado, rotulado, admoestado, impedido, reformado, reenviado, corrigido.

É, sob o pretexto de utilidade pública e em nome do interesse geral, ser submetido à contribuição, utilizado, resgatado, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; depois à menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, espancado, desarmado, garroteado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, no máximo grau, jogado, ridicularizado, ultrajado, desonrado.

Eis o governo, eis sua justiça, eis sua moral.


(Pierre Joseph Proudhon)

domingo, 24 de março de 2013

O HOMEM COMO PRODUTO SOCIAL



A filosofia política de tradição burguesa trabalha com a categoria de um "estado natural"; no caso das desigualdades sociais, é comum encontrarmos análises que colocam-nas como "naturais": todos os homens são naturalmente diferentes, e as diferenças nas condições sociais são nada mais nada menos do que extensões destas diferenças naturais. Sendo assim, o sucesso ou o fracasso, o domínio ou não do saber, a riqueza ou a miséria são simplesmente o fruto do trabalho de cada homem, trabalho este que se processa de acordo com as características e "aptidões naturais" deste homem. Naturalmente, então, a sociedade será desigual, pois os homens são desiguais: um é rico porque teve aptidão suficiente para aproveitar as oportunidades que lhe apareceram; outro é um miserável operário porque suas características naturais assim o determinaram. A sociedade e a cultura são um simples reflexo da natureza.

Bakunin insurge-se contra essas afirmações. Para ele o homem é um produto social e não natural. É a sociedade que molda os homens, segundo suas necessidades, através da educação. E se a sociedade é desigual, os homens serão todos diferentes e viverão na desigualdade e na injustiça, não por um problema de aptidões, mas mais propriamente por uma questão de oportunidade. Não podemos mudar a "natureza humana", mas podemos mudar aquilo que o homem faz dela na sociedade: se a desigualdade é natural, estamos presos a ela; mas se é social, podemos transformar a sociedade, proporcionando uma vida mais justa para todos os seus membros. Bakunin procura mostrar que o homem é determinado socialmente:

          "Tomando a educação no sentido mais amplo desta palavra, incluindo nela não somente a  instrução e as lições de moral, mas ainda e sobretudo os exemplos que dão às crianças  todas as pessoas que as cercam, a influência de tudo o que ela entende do que ela vê, e não somente a cultura de seu espírito, mas ainda o desenvolvimento de seu corpo, pela alimentação, pela higiene, pelo exercício de seus membros e de sua força física, diremos com plena certeza de não podermos ser seriamente contraditados por ninguém: que toda criança, todo adulto, todo jovem e finalmente todo homem maduro é o puro produto do mundo que o alimentou e o educou em seu seio, um produto fatal, involuntário, e consequentemente, irresponsável."

Por outro lado, embora determinadas características humanas sejam formadas socialmente, não deixa de ser verdade que outras características do homem são naturais. As características naturais não podem ser transformadas, mas devem ser plenamente conhecidas, através da ciência, para que possam ser dominadas; o fato de se assumir essas características naturais não significa submissão, escravidão: fugir delas seria dispensar a humanidade. Bakunin deixa bastante clara a percepção destas características naturais em um outro texto:

          "Ao reagir sobre si mesmo e sobre o meio social de que é, como acabo de dizer, o produto imediato, o homem, não o esqueçamos nunca, não faz outra coisa do que obedecer todavia a estas leis naturais que lhe são próprias e que operam nele com uma implacável e irresistível fatalidade. Último produto da natureza sobre a terra, o homem continua, por assim dizer, por seu desenvolvimento individual e social, a obra, a criação, o movimento e a vida. Seus pensamentos e seus atos mais inteligentes e mais abstratos e, como tais, os mais distantes do que se chama comumente de natureza, não são mais do que criações ou manifestações novas. Frente a esta natureza universal, o homem não  pode ter nenhuma relação exterior nem de escravidão nem de luta, porque leva em si esta natureza e não é nada fora dela. Mas ao identificar suas leis, ao identificar-se de certo modo com elas, ao transformá-las por um procedimento psicológico, próprio de seu cérebro, em idéias e em convicções humanas, se emancipa do tríplice jugo que lhe impõem primeiro a natureza exterior, depois sua própria natureza individual e, por fim, a  sociedade de que é produto.

          "(...) Ao rebelar-se contra ela rebela-se contra si mesmo. É evidente que é impossível para o homem conceber somente a veleidade e a necessidade de uma rebelião  semelhante, posto que, não existindo fora da natureza universal e carregando-a consigo, achando-se a cada instante de sua vida em plena identidade com ela, não pode considerar-se nem sentir-se ante ela como um escravo. Ao contrário, é estudando e apropriando-se, por assim dizer, com o pensamento, das leis naturais dessa natureza – leis que se manifestam igualmente, em tudo o que constitui o seu mundo exterior, e em seu próprio desenvolvimento individual: corporal, intelectual e moral -, como ele chega a sacudir sucessivamente o jugo da natureza exterior, o de suas próprias imperfeições naturais, e, como veremos mais tarde, o de uma organização social autoritariamente  constituída."

Dentre as características naturais do homem não estão, entretanto, outras características - como a liberdade, por exemplo - que são um produto da vivência do homem em sociedade. Sendo assim, é necessário que se domine o conhecimento científico sobre as leis naturais e sobre os mecanismos e estruturas da sociedade, para que seja possível a construção de uma nova sociedade e de um novo homem, fundados na liberdade, na justiça e na igualdade. A construção da liberdade é processo de aprendizado da natureza e da cultura.

Mas se o homem é, em grande parte, uma construção social, é possível que uma sociedade justa - através do aprendizado pelo contato direto - produza homens completos, livres e felizes:

          "Para que os homens sejam morais, isto é, homens completos no sentido mais lato do termo, são necessárias três coisas: um nascimento higiênico, uma instrução racional e integral , acompanhada de uma educação baseada no respeito pelo trabalho, pela razão, pela igualdade e pela liberdade, e um meio social em que cada indivíduo, gozando de plena liberdade, seja realmente, de direito e de fato, igual a todos os outros."

Bakunin reconhece na educação a função de formar as pessoas de acordo com as necessidades sociais, o que hoje chamamos de dimensão ideológica do ensino. E é isso que ele ataca na educação trabalhada pelo sistema capitalista, cujo objetivo é perpetuar a sociedade de exploração: ela ensina os burgueses a explorar, dominando todos os conhecimentos disponíveis e não vendo outro modo de vida; e ensina as massas proletárias a permanecerem dóceis à exploração, não se rebelando contra o sistema social injusto. A escola passa então por uma instituição perversa, um aparelho de tortura que mutila alguns membros para moldar o homem segundo seus injustos propósitos. A educação capitalista não forma um homem completo, mas um ser parcial, comprometido com princípios definidos a priori e exteriores a ele; em outras palavras, a educação capitalista funda-se na heteronomia. Mas nem por isso ele deixa de reconhecer que a educação também pode ser trabalhada de outra maneira, perseguindo um objetivo oposto ao da educação capitalista:

          "Será preciso, pois, eliminar da sociedade toda a educação e abolir todas as escolas? Não, de modo algum; é preciso dispensar a mãos cheias a educação nas massas, e transformar todas as igrejas, todos estes templos dedicados à gloria de Deus e à submissão dos homens, em outras tantas escolas de emancipação humana. Mas, antes de tudo, entendâmo-nos: as escolas propriamente ditas, em uma sociedade normal, fundada sobre a igualdade e o respeito à liberdade humana, deverão existir apenas para as crianças, não para os adultos; e para que se convertam em escolas de emancipação e não de submissão, terão que eliminar toda essa ficção de Deus, o eterno e absoluto escravizador, e deverá fundamentar toda a educação das crianças e a instrução no desenvolvimento científico da razão, e não sobre a fé; sobre o desenvolvimento da dignidade e da independência pessoais, e não o da piedade e da obediência; sobre o culto  à verdade e à justiça, e antes de tudo sobre o respeito humano, que deve substituir em  tudo e por tudo o culto divino."

A realização de uma educação com estas características não é, entretanto, imediata e nem um pouco tranqüila, e Bakunin está consciente das dificuldades a serem enfrentadas. Por um lado, com toda certeza a reação da sociedade capitalista a tal projeto pedagógico seria radical: tentaria ao máximo resguardar-se, não permitindo que tal sistema educacional pudesse formar pessoas conscientes e críticas, livres e justas, que não poderiam ser cooptadas pela sociedade de exploração, colocando-a em xeque; por outro lado, pelo efeito maléfico que esta sociedade exerceria sobre as próprias pessoas egressas das escolas que trabalhassem com essa perspectiva crítica e libertária . E como a educação mão se processa apenas na instituição escola, mas na sociedade como um todo, uma escola revolucionária não lograria alcançar plenamente seus objetivos em uma sociedade reacionária. Aqui vem à luz a dialética social de Bakunin: uma nova educação, somente, não constrói a nova sociedade, e nem a nova sociedade é possível sem um novo homem, em cuja formação é de extrema importância uma nova escola. No entanto, fundar uma nova escola no seio da velha sociedade, sem a preocupação de organizar um trabalho revolucionário para transformar paulatinamente as estruturas sociais, é condenar esta escola ao fracasso. Bakunin escreve:

          "Se no meio existente se conseguissem fundar escolas que dessem aos alunos instrução e uma educação tão perfeitas quanto é possível hoje imaginar, conseguiriam elas criar homens justos, livres e morais? Não, porque ao sair da escola se encontrariam numa sociedade que é dirigida por princípios absolutamente contrários a essa educação e a essa instrução e, como a sociedade é sempre mais forte que os indivíduos, não tardaria a dominá-los, isto é, desmoralizá-los. Mais ainda, a própria função de tais escolas é   impossível no atual meio social. Porque a vida social abarca tudo, invade as escolas, as           vidas das famílias e de todos os indivíduos que dela fazem parte."

Através destas afirmações, Bakunin procura mostrar que, apesar de ter uma participação fundamental no processo revolucionário, a escola não faz sozinha a revolução. A sociedade não é mecânica. Se existe exploração porque não há consciência, não basta que aos poucos eduquemos e conscientizemos as pessoas para que a sociedade se transforme. Os caminhos sociais são mais complexos e obscuros; longe de ser um mecanismo simples e previsível, a sociedade é - como já apontava Proudhon – um frágil e tênue equilíbrio entre uma multiplicidade de forças, e o meio social humano é muito mais próximo da imprevisibilidade. A educação revolucionária e os trabalhos revolucionários de base, como a organização, por exemplo, devem ser articulados, processados simultaneamente, para que se possa ter esperanças de, aos poucos, conseguir dar alguns passos no sentido da revolução social que destruirá as bases da antiga sociedade.